O mercado de trabalho em geral
Em termos educacionais, segundo os dados da PNAD, a proporção da força de trabalho na faixa de 8 a 10 anos de estudo cresceu 85,3% de 1995 a 2006, enquanto a faixa com mais de onze anos de estudo sofreu um extraordinário aumento de 175,4% nesse mesmo período. Concomitantemente, os dados apontam que a força de trabalho menos escolarizada vem perdendo grande espaço no mercado de trabalho, sobretudo entre os ocupados com até três anos de estudo, que tiveram uma queda de 31,9%.
Além disso, embora tenha sido notável, na última década, a mudança na dinâmica do mercado de trabalho provocada pelo aumento das práticas informais, os dados têm mostrado um quadro menos negativo recentemente. Houve, somente de 2005 a 2006, uma ampliação de 4,7% do número de trabalhadores com carteira assinada, enquanto o contingente de trabalhadores sem carteira cresceu apenas 1,8%. Em termos proporcionais, o grupo de trabalhadores protegidos (empregados com carteira, funcionários públicos estatutários) passou de 38,9% do total de ocupados em 2004 para 40,4% em 2006.
Distribuição percentual de pessoas com 10 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, por posição na ocupação no trabalho principal. Brasil – 2006
Fonte: PNAD 2006/IBGE, elaboração própria.
No que se refere ao mercado de trabalho metropolitano, que detém quase um terço dos ocupados do Brasil, a situação é um pouco diferente. Em comparação com o total do país, o Brasil metropolitano apresenta um menor percentual de ocupados nas faixas etárias mais jovens (10-14 e 15-19 anos), com pequenas diferenças entre as três regiões metropolitanas analisadas. Em termos educacionais, a distribuição da população ocupada nas regiões metropolitanas tem um perfil diferenciado se confrontada ao total de ocupados no Brasil como um todo. Enquanto no Brasil metropolitano 9,0% dos ocupados apresentavam mais de quinze anos de escolaridade em 2006, para o total do Brasil esse percentual é de 6,1%. Se comparadas as três regiões metropolitanas analisadas, a de São Paulo é a que apresenta maior porcentagem de ocupados com esse nível de instrução (10,0%), seguida de Porto Alegre (8,9%) e Salvador (6,6%).

Em termos gerais, no que diz respeito ao mercado de trabalho brasileiro como um todo, houve, no decorrer da última década, um crescimento de 35,7% do total de ocupados (1992-2006). O Brasil possuía em 2006 mais de 89 milhões de trabalhadores ocupados, sendo 57,5% deles homens e 42,5% mulheres.
No que concerne à distribuição etária desse contingente, o país apresenta em 2006 uma pequena proporção de trabalhadores ocupados na faixa de 10 a 14 de idade (1,9%). No entanto, embora este segmento tenha sofrido uma forte queda nos últimos dez anos, ele permanece, como apontam Lima e Abdal (2007:221), muito maior na população economicamente ativa (11,3% em 2006) devido ao desemprego. Com relação aos outros grupos etários, a maior parcela da população ocupada se concentra na faixa que vai dos 30 aos 49 anos, atingindo 45,1% do total em 2006.
Distribuição percentual dos ocupados em faixas etárias – Brasil e Brasil Metropolitano – 2006
Fonte: PNAD 2006/IBGE, elaboração própria.
Distribuição percentual dos ocupados por faixas etárias. Regiões Metropolitanas de São Paulo, Porto Alegre e Salvador - 2006
RMSP | RMPA | RMSA | |
10 a 14 anos | 0,4 | 0,7 | 0,8 |
15 a 19 anos | 6,0 | 6,2 | 4,7 |
20 a 24 anos | 13,4 | 12,6 | 13,7 |
25 a 29 anos | 14,7 | 13,8 | 16,5 |
30 a 39 anos | 26,1 | 23,6 | 27,7 |
40 a 49 anos | 21,4 | 23,2 | 21,3 |
50 a 59 anos | 13,1 | 14,2 | 11,6 |
60 anos ou mais | 5,0 | 5,6 | 3,6 |
Total | 100,0 | 100,0 | 100,0 |
Fonte: PNAD 2006/IBGE, elaboração própria.
Distribuição percentual dos ocupados por anos de estudo. Brasil, Brasil Metropolitano e regiões metropolitanas selecionadas – 2006
A distribuição dos trabalhadores formais com relação à sua posição na ocupação apresenta, no entanto, tanto no Brasil em geral como nas regiões metropolitanas, algumas distinções importantes quanto ao sexo. Enquanto, por um lado, as mulheres representam 93,2% dos trabalhadores domésticos do país e 56,7% dos ocupados não-remunerados, os homens, por outro lado, correspondem a 73,6% do total de empregadores em todo o Brasil. Dados como esse mostram que, em detrimento das inegáveis conquistas das mulheres no mercado de trabalho nas últimas décadas, ainda há uma grande desigualdade entre trabalhadores do sexo masculino e feminino, sobretudo no topo da escala das ocupações.
Distribuição percentual de pessoas com 10 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, por posição na ocupação no trabalho principal e por sexo. Brasil e Brasil Metropolitano - 2006

Fonte: PNAD 2006/IBGE, elaboração própria.
Tal como Lima e Abdal (2007) já haviam detectado para o ano de 2004, no que diz respeito à posição na ocupação, o Brasil metropolitano e as três regiões metropolitanas analisadas concentram um maior percentual de empregados com carteiras assinadas, militares e funcionários públicos estatutários. Dentre as regiões metropolitanas investigadas, a de Salvador é a que apresenta a menor porcentagem de trabalhadores com carteira assinada, aproximando-se, no entanto, das demais (e superando a de São Paulo) na proporção de militares e funcionários públicos.
Distribuição percentual de pessoas com 10 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, por posição na ocupação no trabalho principal. Brasil, Brasil Metropolitano e regiões metropolitanas selecionadas – 2006
Fonte: PNAD 2006/IBGE, elaboração própria.
Finalmente, quando analisamos a distribuição dos ocupados quanto ao setor de atividade, podemos perceber uma grande distinção de perfil entre os espaços metropolitano e não metropolitano. Há, como mostra a tabela abaixo, um grande peso do setor agrícola no Brasil como um todo, o que não se reproduz nas regiões metropolitanas. Por outro lado, o setor de comércio e reparação é preponderante no contexto metropolitano, com exceção da Região Metropolitana de Salvador, onde a indústria ainda sustenta uma posição significativa. Por fim, a Região Metropolitana de São Paulo, principal pólo industrial do Brasil, embora tenha sofrido, nos últimos anos, com fenômenos de desindustrialização, ainda mantém mais de um quinto de sua força de trabalho nesse setor.
Distribuição percentual de pessoas com 10 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, por grupamentos de atividade do trabalho principal. Brasil, Brasil Metropolitano e regiões metropolitanas selecionadas – 2006
Referência Bibliográfica citada:
LIMA, Márcia; ABDAL, Alexandre (2007). Educação e trabalho: a inserção dos ocupados de nível superior no mercado formal. Sociologias , Porto Alegre, n. 17, 2007 .
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